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Polícia Federal cumpre mandados de busca e apreensão para investigar vírus letal em ararinhas-azuis na Bahia

ICMBio diz que 31 ararinhas-azuis estão infectadas com vírus na Bahia; criadouro rebate e diz que são 5 aves A Polícia Federal cumpre, nesta quarta-feira (3...

Polícia Federal cumpre mandados de busca e apreensão para investigar vírus letal em ararinhas-azuis na Bahia
Polícia Federal cumpre mandados de busca e apreensão para investigar vírus letal em ararinhas-azuis na Bahia (Foto: Reprodução)

ICMBio diz que 31 ararinhas-azuis estão infectadas com vírus na Bahia; criadouro rebate e diz que são 5 aves A Polícia Federal cumpre, nesta quarta-feira (3), cinco mandados de busca e apreensão em Curaçá, no norte da Bahia, e em Brasília, no Distrito Federal, referentes a investigação sobre o vírus letal que atinge as ararinhas-azuis, espécie em extinção. De acordo com as investigações, empresas que fazem a reintrodução dos animais à natureza na Bahia teriam descumprido protocolos sanitários. 🔎 ENTENDA: O circovírus é um patógeno potencialmente grave e letal. Segundo o ICMBio, ainda não se sabe como as espécies brasileiras reagirão ao vírus, uma vez que, até esta ocorrência, não existia registro da doença em animais de vida livre no Brasil. O vírus danifica os bicos e penas das ararinhas, mas não infecta humanos nem aves de produção. O assunto veio à tona em 27 de novembro, quando o Instituto Chico Mendes (ICMBio) divulgou que todas ararinhas-azuis que estavam em vida livre na Bahia - o total de 11 animais - testaram positivo para o circovírus. Na terça-feira (2), o ICMBio informou que, além das 11 aves, outras 20 foram diagnosticadas com o mesmo vírus. Polícia Federal deflagra operação para investigar vírus em ararinhas-azuis na Bahia Polícia Civil Na ocasião, a gestão do Criadouro Ararinha Azul refutou a informação do ICMBio, e disse que apenas 5 aves estão com o circovírus, conforme demonstrado em ao menos um exame. O criadouro ressaltou que as demais 98 aves mantidas no espaço testaram negativo para o vírus. A instituição ainda afirmou que trabalha há mais de 15 anos para a conservação da espécie, que segue protocolos rígidos de biossegurança e que considera as acusações infundadas. (Veja nota completa ao fim da reportagem) Ararinha-azul: espécie considerada uma das mais raras do planeta está ameaçada de extinção. A ave é a mesma representada na animação 'Rio' 📲 Clique aqui e entre no grupo do WhatsApp do g1 Bahia Nesta quarta-feira, a Polícia Federal deflagrou a operação Blue Hope para investigar o caso e informou que apreendeu aves e dispositivos eletrônicos nos imóveis vistoriados. Em nota, a PF ainda informou que o criadouro investigado resistiu às medidas emergenciais que foram determinadas pelo ICMBio, como o isolamento sanitário, testagem seriada e recolhimento das aves em vida livre. Os investigados poderão responder pelos crimes de: disseminação de doença capaz de causar dano à fauna; matar animais da fauna silvestre; obstrução de fiscalização ambiental. As penas, somadas, podem chegar a oito anos de reclusão, além de sanções administrativas. Multa de R$ 1,8 milhão Aararinhas-azuis do Criadouro Científico para Fins Conservacionistas do Programa de Reintrodução da Ararinha-azul Camile Lugarini Após a detecção de circovírus em uma ararinha-azul, em maio deste ano, o ICMBio instaurou o Sistema de Comando de Incidente para gerenciar a emergência do circovírus. O objetivo é impedir a disseminação do vírus para as aves da região. Nas vistorias foram feitas em parceria com o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e a Polícia Federal, foi constatado que os protocolos de biossegurança não estavam sendo seguidos pelo criadouro para fins científicos do Programa de Reintrodução da Ararinha-Azul. Com isso, o Criadouro Ararinha-azul, empresa que gerencia o espaço em Curaçá, foi multado no valor aproximado de R$ 1,8 milhão Dentre as medidas exigidas, constava a limpeza e a desinfecção diária das instalações e dos utensílios, incluindo os comedouros onde era fornecida alimentação diária às aves de vida livre, os quais se encontravam extremamente sujos, com acúmulo de fezes ressecadas. Também foi determinada a obrigatoriedade do uso de equipamentos de proteção individual pelos funcionários, porque eles foram flagrados com chinelos, bermuda e camiseta durante o manejo dos animais. O que diz a empresa "O Criadouro Ararinha-azul, localizado em Curaçá (BA), rejeita com “veemência” as acusações de negligência, desleixo e condições insalubres nas instalações, onde mantém 103 ararinhas-azuis, sendo 98 negativas para o circovírus. A instituição afirma seguir protocolos rígidos de biossegurança e bem-estar animal e conta com instalações e equipamentos adequados ao manejo das aves. A instituição privada, sem fins lucrativos, não utiliza recursos públicos e é mantida principalmente com capital estrangeiro. A equipe de trabalho é formada por profissionais brasileiros e estrangeiros de alto nível, como médicos-veterinários, tratadores aviculturistas e consultores especialistas em manejo e reprodução de ararinhas-azuis, que trabalham há mais de 15 anos para a conservação dessa espécie, 24 horas por dia, 7 dias por semana, durante todo o ano, em um espaço de mais de 2,6 mil metros quadrados. A direção do criadouro explica que as aves recebem alimentação balanceada, vivenciam um conjunto de práticas que melhoram o bem-estar físico e psicológico dos animais em cativeiro, têm assistência veterinária permanente e o manejo é feito em ambiente limpo e seguro. O sucesso reprodutivo da espécie, com o nascimento de filhotes em cativeiro, é apontado como um dos indicadores da qualidade da empresa no cuidado oferecido às ararinhas. A instituição contesta ainda a informação de que “as últimas ararinhas-azuis na natureza” estariam sob risco iminente em razão do circovírus. Até 2019, não havia nenhuma ararinha na Caatinga. Com a construção do criadouro, 101 aves foram trazidas para o bioma. Hoje, segundo o criadouro, há 103 ararinhas-azuis sob seus cuidados, sendo 98 com exames negativos para o vírus e 5 com detecção de circovírus em ao menos um exame. Quanto às 11 aves de vida livre capturadas, os exames mais recentes identificaram vírus detectado em 5 aves no total (3 do plantel e 2 das recapturadas), com divergência entre metodologias laboratoriais. Testes realizados com técnicas convencionais, inclusive pelo laboratório do governo, apontam para 3 aves positivas, em contradição a outro teste que detecta o vírus para as 11 araras. Essas aves estão isoladas, e estão sem contato com outras araras, com separação de utensílios e profissionais. O criadouro mantém ainda duas maracanãs, ambas com exames negativos. Em vez de atuar em cooperação para enfrentar um problema sanitário que existe no Brasil há mais de 30 anos, o Estado prefere transferir a culpa e buscar punições contra uma entidade privada que investe recursos próprios na conservação de uma espécie ameaçada. Até o momento, o criadouro não teve acesso ao laudo técnico completo que fundamenta a multa de R$1,8 milhão aplicada pelo ICMBio. Diante desse cenário de acusações consideradas infundadas e sem a apresentação dos laudos, a direção do criadouro informa que pediu acesso ao processo e uma reunião técnica com laboratórios e autoridades para reavaliar os exames. A empresa reafirma que responsabilizar o estabelecimento sem análise técnica aprofundada, ignora a complexidade do caso e desestimula iniciativas que contribuam para a proteção da ararinha-azul. A instituição lembra ainda que a primeira ave detectada com circovírus estava solta na natureza, destaca que o vírus, no Brasil, foi registrado há cerca de 30 anos em feiras, centros de reabilitação de fauna e em comércio de animais." LEIA TAMBÉM: Pesquisadores repovoam norte da Bahia com araras-azuis-de-lear Filhotes de ararinha-azul nascem no sertão baiano após 37 anos Veja mais notícias do estado no g1 Bahia. Assista aos vídeos do g1 e TV Bahia 💻

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